
(Foto: Divulgação)
O atacante Marciano, do Icasa, tem uma daquelas histórias atípicas no futebol. O atleta, até os 18 anos, não tinha pensado em ser jogador de futebol. Mariano gostava e praticava o futsal. Mas, na primeira vez que colocou a chuteira e foi para o futebol de campo, já deu uma goleada na sorte.
- Coincidentemente, no último ano do colégio, resolvi jogar futebol de campo. Coloquei as chuteiras e joguei. Um olheiro me viu e disse para eu fazer um teste. Fui aprovado de primeira - declara o atacante.
Não foi só no futebol que Marciano passou em primeiro, no vestibular também. E em um dos cursos mais disputados no País: Direito. Influenciado pelo pai, que é delegado aposentado, o jogador se apaixonou pela profissão através das histórias que ouvia dele sobre o dia a dia de uma delegacia.
- Na minha família os estudos sempre foram priorizados. Quando eu falei para o meu pai que tinha passado no teste do Icasa ele me disse que eu teria que fazer faculdade - conta o jogador.
Cursar Direito na Universidade Regional do Cariri (URCA) e conciliar os treinos, jogos e viagens não foi uma tarefa tão fácil. Marciano aproveitava o tempo na concentração para estudar e fazer trabalhos acadêmicos.
- Mesmo com toda essa dificuldade minhas notas eram boas. Os professores até me elogiavam, falavam que eu não era só bom de bola, mas nos estudos também - declara o recém-formado em Direito.
Marciano concluiu o curso este ano. Após dez anos entre idas e vindas nos estudos, finalmente o atacante realiza o sonho.
- Fiz duas faculdades em uma. Um curso de cinco anos eu fiz em dez, mas o importante é ter me formado. Agora vou poder estudar mais, quero fazer uma pós-graduação.- afirma Marciano.

Ajudinha dos amigos e professores
A ajuda dos professores e colegas de classe foi fundamental para o jogador conquistar a graduação. O atacante era tão dedicado que, às vezes, chegava a se atrasar nos treinos para não perder aula ou prova.
- Os professores entendiam minha situação e me ajudavam adiantando provas ou deixando eu fazer em outro horário. Quando recebi uma proposta de ir para a China fiquei 30 dias fora, no meio do semestre. Acabou não dando certo e voltei. Conversei com os professores, corri atrás e consegui terminar o semestre. Meus colegas de classe me ajudaram muito - agradece Marciano.
A demora para concluir o curso não foi só pela dificuldade da conciliação da vida esportiva com a acadêmica. O atacante passou três anos fora jogando pelo Coritiba. Porém, em 2008, Marciano retornou ao seu clube de origem e disse que a faculdade pesou na hora dessa decisão.
- Recebi uma proposta que não podia recusar. Mas tive que trancar a faculdade. Voltei justamente na época que não podia mais prolongar o trancamento de matrícula. A proposta do Icasa foi boa, a diretoria apresentou um bom projeto, mas com certeza, a faculdade pesou na hora de decidir - conta.
Planos para o futuro
A paixão pelo duas profissões poderá se entrelaçar em um futuro. O atacante pensa, quando se aposentar, em atuar no setor jurídico de algum clube.
- Hoje eu vejo duas possibilidades no futuro. A primeira é trabalhar como delegado, como o meu pai, a segunda possibilidade é trabalhar em um setor jurídico, ou assessoria jurídica em algum clube - fala Marciano, pensando no futuro.
Aluno nota 10 no futebol
Mesmo com os estudos para conciliar, o atleta se destacou e conquistou o título de vice-artilheiro e artilheiro da Série B.
- Em 2004, fui vice-artilheiro do Campeonato Cearense, pelo Limoeiro. E em 2009, fui artilheiro pelo Icasa, com oito gols em 11 partidas - fala orgulhoso.